Pular para o conteúdo principal

A difícil arte de listar as mais sustentáveis

Muitos leitores solicitam deste colunista a divulgação de rankings de empresas mais ou menos sustentáveis. Uma parte deles o faz apenas para confirmar os seus julgamentos ruins sobre empresas que lhes são antipáticas. No entanto, observo no aumento do interesse pelo tema algo novo sobre os consumidores brasileiros: cada vez mais sensíveis às questões socioambientais, eles estão mais ansiosos por informações que os ajudem a separar joio de trigo, pensando já em punir ou premiar empresas segundo a verdade ou a mentira de suas práticas sustentáveis.
É ainda um movimento iniciante. Mas já nítido, principalmente entre os consumidores com maior nível de escolaridade, nas grandes capitais.

Quando respondo que não há rankings desse tipo no Brasil, alguns leitores apelam para que eu monte e divulgue o meu próprio. Tarefa complicada e provavelmente vã. O que a torna mais difícil é a ausência de um conceito único para a sustentabilidade empresarial e também a inexistência de critérios firmes de seleção, capazes de dar respaldo para análises e comparações adequadas. Imaginando que fosse possível elaborar uma lista das mais sustentáveis, certamente ela seria desqualificada por empresas que tivessem sido excluídas, servindo, no máximo, para uma polêmica boba e sem sentido. Ou você duvida disso?

Sobre listas e rankings de empresas sustentáveis, temos muito a aprender com os canadenses e os norte-americanos. No último Fórum Econômico Mundial de Davos, a Corporate Knigths e a Inovest Estrategic Value Advisors lançaram o estudo Global 100, que reúne as 100 corporações mais sustentáveis do planeta.

Na apresentação da pesquisa, os precavidos realizadores se apressaram em informar o óbvio: como lidam com um conceito controverso (isso mesmo, sustentabilidade ainda significa coisas diferentes para pessoas e empresas diferentes), e em construção, eles não têm a menor pretensão de publicar um “guia” do comportamento sustentável. Prestam-se sim a identificar companhias cuja correta gestão dos fatores socioambientais e de governança corporativa tenham contribuído para um melhor desempenho financeiro, representando importante vantagem competitiva. As empresas presentes na lista são, portanto, as que administram melhor esses fatores controlando melhor riscos e aproveitando oportunidades verdes para seus negócios. O Global 100 destina-se a seis grupos de público: investidores à procura de empresas com perspectiva de longo prazo, profissionais querendo trabalhar em empresas com valores, gestores interessados em ver boas práticas para melhorar a sustentabilidade de suas companhias, governantes de olho em empresas comprometidas com desenvolvimento e consumidores pensando em escolher marcas responsáveis.

Em vez de dizer quem é mais ou menos sustentável, o Global 100 apresenta as empresas em ordem alfabética como um grupo de bons exemplos a seguir. Isso porque os promotores consideram metodologicamente impossível conferir notas absolutas ou mesmo comparar, por exemplo, a realidade socioambiental de uma indústria de gás com uma outra de alimentos. Em sua quinta edição, o estudo foi lançado, como de costume, no Global 100 Executive, uma reunião de Davos entre presidentes das 100 mais e líderes de setores financeiros considerados vanguarda na construção de um mundo sustentável.

O Global 100 incluiu companhias de 15 países. Os EUA lideram com 20 corporações, quatro a mais do que no ano passado. Na seqüência, vieram o Reino Unido com 19 (cinco a menos do que em 2008) e o Japão com 15 (duas a mais). Aparecem em seguida a França (8), Alemanha (7), Canadá, Finlândia e Suécia (todos com 5). Dois terços das empresas do ranking de 2008 mantiveram seu lugar em 2009. No total, 46% das empresas listadas existem há pelo menos 100 anos. Várias fazem negócios aqui no Brasil. Veja a lista das melhores no site www.ideiasocioambiental.com.br.


Fonte: Por Ricardo Voltolini - jornalista e diretor da Idéia Sustentável, in www.topblog.com.br

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

H2OH! - um produto desacreditado que virou sucesso

O executivo carioca Carlos Ricardo, diretor de marketing da divisão Elma Chips da Pepsico, a gigante americana do setor de alimentos e bebidas, é hoje visto como uma estrela em ascensão no mundo do marketing. Ele é o principal responsável pela criação e pelo lançamento de um produto que movimentou, de forma surpreendente, o mercado de bebidas em 11 países. A princípio, pouca gente fora da Pepsi e da Ambev, empresas responsáveis por sua produção, colocava fé na H2OH!, bebida que fica a meio caminho entre a água com sabor e o refrigerante diet. Mas em apenas um ano a H2OH! conquistou 25% do mercado brasileiro de bebidas sem açúcar, deixando para trás marcas tradicionais, como Coca-Cola Light e Guaraná Antarctica Diet. Além dos números de vendas, a H2OH! praticamente deu origem a uma nova categoria de produto, na qual tem concorrentes como a Aquarius Fresh, da Coca-Cola, e que já é maior do que segmentos consagrados, como os de leites com sabores, bebidas à base de soja, chás gelados e su

Doze passos para deixar de ser o “bode expiatório” na sua empresa

Você já viu alguma vez um colega de trabalho ser culpado, exposto ou demitido por erros que não foi ele que cometeu, e sim seu chefe ou outro colega? Quais foram os efeitos neste indivíduo e nos seus colegas? Como isso foi absorvido por eles? No meu trabalho como coach, tenho encontrado mais e mais casos de “bodes expiatórios corporativos”, que a Scapegoat Society, uma ONG britânica cujo objetivo é aumentar a consciência sobre esta questão no ambiente de trabalho, define como uma rotina social hostil ou calúnia psicológica, através da qual as pessoas passam a culpa ou responsabilidade adiante, para um alvo ou grupo. Os efeitos são extremamente danosos, com conseqüências de longo-prazo para a vítima. Recentemente, dei orientação executiva a um gerente sênior que nunca mais se recuperou por ter sido um dia bode expiatório. John, 39 anos, trabalhou para uma empresa quando tinha algo em torno de 20 anos de idade e tudo ia bem até que ele foi usado como bode expiatório por um novo chefe. De

Conselho Federal de Marketing?

A falta de regulamentação da profissão de marketing está gerando um verdadeiro furdunço na Bahia. O consultor de marketing André Saback diz estar sendo perseguido por membros do Conselho Regional de Administração da Bahia (CRA/BA) por liderar uma associação – com nome de Conselho Federal de Marketing e que ainda não está registrada – cujo objetivo, segundo ele, é regulamentar a profissão. O CRA responde dizendo que Saback está praticando estelionato e que as medidas tomadas visam a defender os profissionais de administração. Enquanto André Saback, formado em marketing pela FIB - Centro Universitário da Bahia -, diz militar pela regulamentação da profissão, o Presidente do CRA/BA, Roberto Ibrahim Uehbe, afirma que o profissional criou uma associação clandestina, está emitindo carteirinhas, cobrando taxas e que foi cobrado pelo Conselho Federal de Administração por medidas que passam até por processar Saback, que diz ter recebido dois telefonemas anônimos na última semana em tom de ameaç