Muito se discute sobre a influência dos stakeholders - pessoas que têm interesses numa companhia e não são acionistas - na vida das empresas. Até agora, porém, o debate sobre o real poder de ONGs, clientes, fornecedores, consumidores e imprensa no dia-a-dia das companhias patinava pela falta de estudos de fôlego sobre o tema.
Nesse vácuo, as conversas se baseavam quase sempre em casos isolados, como o embate entre índios e a Vale do Rio Doce, no Maranhão, uma arrastada disputa que já ganhou repercussão internacional. A recente publicação do livro Inside the Mind of the Stakeholder -- The Hype Behind Stakeholder Pressure ("Por dentro da mente dos stakeholders -- o exagero por trás da pressão das partes interessadas", numa tradução livre), nos Estados Unidos, tenta suprir essa lacuna. A obra traz, pela primeira vez, um levantamento abrangente sobre o impacto desses públicos estratégicos no mundo dos negócios. A maior surpresa do livro é que o poder de fogo dos stakeholders não é tão grande quanto se propaga.
O autor, o alemão Ulrich Steger, coordenou um grupo de pesquisadores da escola de negócios suíça IMD que saiu a campo entre maio e novembro de 2005 para conduzir 265 entrevistas com companhias na Europa. Segundo a opinião das empresas ouvidas, a pressão dos stakeholders ameaça sua reputação de maneira apenas mediana. Numa escala crescente de zero a 5, o aspecto recebeu nota 3,7 - nota que, segundo o autor, indica um temor não desprezível, mas aquém do que esperava.
Um dos motivos da avaliação relativamente branda, diz Steger, é o fato de os stakeholders preferirem concentrar sua atenção num punhado de companhias de grande porte - deixando livres para agir como queiram milhares de pequenas e médias empresas. Mesmo no caso das grandes, as ONGs nem sempre agem de maneira isenta. O autor critica a relação de amor e ódio entre as ONGs e as grandes corporações: ao mesmo tempo que buscam parcerias com o setor privado para garantir recursos, usam o confronto para legitimar sua causa.
No caso dos consumidores, o autor destaca a falta de instrumentos para que possam efetivamente avaliar a atuação de uma companhia. Além disso, medidas como o lançamento de um balanço social, com suas fotos caprichadas e textos recheados de "boa vontade", podem funcionar mais como máscara do que como retrato das atividades da empresa. Steger pondera, no entanto, que as pressões dos stakeholders devem aumentar nos próximos anos, sobretudo por causa do conturbado contexto ambiental e social dos dias de hoje. Nesse caso, vai se sair melhor quem incorporar princípios da sustentabilidade desde já.
Fonte: Por Jorge Cajazeira, in http://portalexame.abril.uol.com.br
Nesse vácuo, as conversas se baseavam quase sempre em casos isolados, como o embate entre índios e a Vale do Rio Doce, no Maranhão, uma arrastada disputa que já ganhou repercussão internacional. A recente publicação do livro Inside the Mind of the Stakeholder -- The Hype Behind Stakeholder Pressure ("Por dentro da mente dos stakeholders -- o exagero por trás da pressão das partes interessadas", numa tradução livre), nos Estados Unidos, tenta suprir essa lacuna. A obra traz, pela primeira vez, um levantamento abrangente sobre o impacto desses públicos estratégicos no mundo dos negócios. A maior surpresa do livro é que o poder de fogo dos stakeholders não é tão grande quanto se propaga.
O autor, o alemão Ulrich Steger, coordenou um grupo de pesquisadores da escola de negócios suíça IMD que saiu a campo entre maio e novembro de 2005 para conduzir 265 entrevistas com companhias na Europa. Segundo a opinião das empresas ouvidas, a pressão dos stakeholders ameaça sua reputação de maneira apenas mediana. Numa escala crescente de zero a 5, o aspecto recebeu nota 3,7 - nota que, segundo o autor, indica um temor não desprezível, mas aquém do que esperava.
Um dos motivos da avaliação relativamente branda, diz Steger, é o fato de os stakeholders preferirem concentrar sua atenção num punhado de companhias de grande porte - deixando livres para agir como queiram milhares de pequenas e médias empresas. Mesmo no caso das grandes, as ONGs nem sempre agem de maneira isenta. O autor critica a relação de amor e ódio entre as ONGs e as grandes corporações: ao mesmo tempo que buscam parcerias com o setor privado para garantir recursos, usam o confronto para legitimar sua causa.
No caso dos consumidores, o autor destaca a falta de instrumentos para que possam efetivamente avaliar a atuação de uma companhia. Além disso, medidas como o lançamento de um balanço social, com suas fotos caprichadas e textos recheados de "boa vontade", podem funcionar mais como máscara do que como retrato das atividades da empresa. Steger pondera, no entanto, que as pressões dos stakeholders devem aumentar nos próximos anos, sobretudo por causa do conturbado contexto ambiental e social dos dias de hoje. Nesse caso, vai se sair melhor quem incorporar princípios da sustentabilidade desde já.
Fonte: Por Jorge Cajazeira, in http://portalexame.abril.uol.com.br
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