A mais recente pesquisa TIC Kids Online, realizada pelo Comitê
Gestor da Internet, mostrou que, pela primeira vez, em 2014, o acesso à
internet por celular no Brasil foi maior do que por computadores: 82% acessam
pelo celular, enquanto 56% usam o desktop.
Os resultados se referem a jovens de 9 a 17 anos de idade. As
redes sociais são o maior atrativo, mas 68% dos jovens usam a web para
trabalhos escolares.
A disseminação de smartphones no Brasil tem feito escolas, governos e demais instituições se voltarem para potencializar as tecnologias móveis como ferramenta para a melhoria do ensino e da aprendizagem. A relação entre tecnologia e educação sempre foi difícil, sobretudo dentro da sala de aula. Embora o modelo de escola tenha pouco se alterado com o passar dos anos, a cultura digital é uma realidade entre alunos e professores.
A Fundação Lemann, por exemplo, vai iniciar uma nova linha de atuação voltada para aplicativos móveis de educação gratuitos. "A sociedade como um todo já viveu essa revolução tecnológica e, infelizmente, nesse contexto, a escola ficou para trás", explica o diretor da fundação, Denis Mizne. "O caminho agora é proporcionar para alunos, professores e gestores escolares o que já é uma realidade fora da escola."
Isabela dos Santos, de 12 anos, estuda Inglês pelo celular, com o
aplicativo gratuito Duolingo, e Biologia pelo YouTube. "Eu nem sempre
estou com livros, mas meu celular sempre está comigo", diz a aluna do
Colégio Dom Bosco, na zona norte de São Paulo.
A escola de Isabela vai passar a explorar um novo aplicativo
focado no celular. "Funciona bem quando usado como mecanismo de interação
em momentos específicos da aula", diz Andrey Lima, diretor executivo do
sistema Ari de Sá, adotado pelo Dom Bosco.
A empresa Ari de Sá mantém uma parte de conteúdos, ainda pequena,
aberta para o público. "Não temos uma decisão de não abrir os conteúdos,
mas ainda não foi definido", diz Lima.
Já a professora de Música Gina Falcão, da Nova Escola, na Vila
Mascote, zona sul, toca um projeto com alunos do ensino médio de produção de
videoclipes em que o celular é a ferramenta principal. "Eles têm muita
facilidade para trabalhar com isso, estamos pedagogicamente no universo deles",
diz.
Mesmo fora dos
sistemas de ensino, os aplicativos educacionais pagos ou com direitos autorais
fechados são maioria. Na semana passada, a Câmara dos Deputados promoveu um
debate sobre Recursos Educacionais Abertos (REA).
Há a cobrança para que todos os materiais digitais adquiridos pelo
governo sejam livres. Em 2014, o Ministério da Educação gastou R$ 67 milhões na
aquisição de bens digitais didáticos, cifra incluída no R$ 1,1 bilhão investido
no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD).
Priscila Gonsales, do Instituto Educadigital, afirma que o
investimento público em material didático deve ser em plataformas abertas. A
reivindicação de licenças passa tanto pelo potencial de acesso quanto pelas
possibilidades de remixagem dos materiais. "Qualquer lugar é lugar para
aprender, o que a cultura digital vem evidenciar. Acaba a ideia de que somos
consumidores de educação. A gente pode produzir, um ajuda o outro, é a cultura
de compartilhar."
Criada em 2013 com apoio de várias organizações não
governamentais, a plataforma escoladigital.org.br reúne 4 mil recursos
digitais. Muitos ali são pagos e a maioria tem direitos fechados, mas há uma
seção com dezenas de opções para professores criarem seus aplicativos.
Segundo Mizne, da Lemann, a ideia com a iniciativa de sua fundação
é criar "um ambiente saudável" que estimule investimentos em novos
recursos inovadores. Responsável pela tradução da Khan Academy, portal focado
no ensino de Matemática criado pelo educador americano Salman Khan, a fundação
não fala em valores envolvidos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Veja, disponível em http://boo-box.link/220WJ
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