O economista e advogado norte-americano Andrew Savitz é considerado um dos gurus da Sustentabilidade. Ele é co-autor de 'A Empresa Sustentável - O Verdadeiro Sucesso é o Lucro com Responsabilidade Social e Ambiental’ (Editora Campus, 2007), escrito com Karl Weber; em inglês, 'The Triple Bottom Line', um best-seller na área de negócios.
Para Savitz, que é sócio da Sustainable Business Strategies, consultoria que presta serviços a empresas no desenvolvimento e implantação de programas de sustentabilidade, o futuro passa pelas companhias 'B', que além de lucro, geram benefícios para a sociedade. "Empresas que mentem sobre como são sustentáveis devem ser denunciadas", afirma.
Nós da Comunicação – No Brasil, e acreditamos que isso aconteça em outros países, as empresas estão ávidas para mostrar ao mercado como elas agora são ‘verdes’, movimento que, muitas vezes, não passa de uma maquiagem. Como devemos lidar com as empresas?
Andrew Savitz – Em primeiro lugar, as companhias devem compreender que é sempre melhor se ater aos fatos do que exagerar em suas credenciais verdes. Perseguir a sustentabilidade tem mais a ver com a construção de um relacionamento de confiança com os stakeholders do que sobre o desempenho real. Ao perder a confiança de seus clientes ou empregados, é muito difícil tê-la de volta.
Em segundo lugar, muitos advogados e jornalistas estão fazendo carreira ao expor essas falsas alegações. A Ethical Corporation Magazine, publicada na Inglaterra, por exemplo, tem uma coluna mensal chamada 'Greenwasher', na qual desmascara empresas que não fazem o que dizem.
Em terceiro lugar, os governos estão mais envolvidos, devido à proliferação de queixas. Nos Estados Unidos, a Federal Trade Commission, órgão que regula a publicidade, já começou a multar empresas que fazem falsas alegações sobre suas qualidades ambientais.
Em suma, empresas que mentem sobre como são sustentáveis devem ser denunciadas, e isso realmente já começa a acontecer. Para isso, é necessário dispor de normas contra as quais as alegações podem ser confrontadas. Caso contrário, torna-se uma questão de opinião sobre quem é e quem não é verde.
Nós da Comunicação – Algumas empresas orgulhosamente declaram que departamentos como os de Sustentabilidade e Comunicação – esse último um importante aliado da transparência – são estratégicos. Mas, em momentos de crise, essas áreas são duas das primeiras a sofrer cortes. Ser sustentável só é possível em tempos de abundância e estabilidade?
A.S. – Não para as companhias que descobriram como fazer seus negócios progredirem com sustentabilidade. Essas empresas não farão cortes nessas áreas, pelo menos, não mais do que em outras importantes iniciativas empresariais. Essas organizações que não compreenderam totalmente o momento atual, mas, apesar disso, perseguem essa sustentabilidade – e você ficaria surpresa ao ver quantas empresas se encaixam nesse perfil – provavelmente fariam esses cortes porque, na visão delas, sustentabilidade é uma espécie de hobby ou benevolência.
Nós da Comunicação – Quão distante estamos de companhias realmente sustentáveis que não precisam preencher cheques para caridade ou ‘retribuir à sociedade’, porque em suas atividades regulares são empresas que não agridem a comunidade e sim a enriquece?
A.S. – Estamos chegando mais perto. Nos Estados Unidos, há uma nova forma de corporação que começa a ser criada, as chamadas corporações ‘B’, do Inglês (public) benefit. Essas companhias são criadas com dois propósitos: gerar lucro e atender às necessidades da sociedade. É toda uma nova maneira de funcionar que enriquece a sociedade regularmente, portanto, algo que é parte de sua finalidade e operação.
Além disso, muitas corporações 'A', ou seja, companhias que existem apenas para o lucro, ou elas pensam que sim - estão encontrando maneiras de ampliar a integração entre os seus interesses comerciais e as necessidades da sociedade, o que eu chamo de 'equilíbrio ótimo' de sua sustentabilidade. Microcrédito é apenas o exemplo mais famoso de forma de negócio que gera lucro e contribui para o desenvolvimento da economia. No Brasil, empresas que estão encontrando maneiras de fazer dinheiro e proteger as florestas ao mesmo tempo, por exemplo, cultivando importantes medicamentos naturais, também estão engajadas nesse movimento.
Nós da Comunicação – Você poderia citar um bom caso de empresa sustentável e também um exemplo a não ser seguido?
A.S. – Existem bem poucas empresas sustentáveis hoje em dia, mas a Ambev está certamente indo nessa direção. Companhias que dependem do uso de fontes não renováveis - como as petrolíferas - obviamente não são sustentáveis. Algumas empresas estão procurando agressivamente por maneiras de tornar seus negócios mais sustentáveis, enquanto outras não. A Exxon lutou contra a ideia das alterações climáticas por muito tempo depois de várias empresas perceberem que já havia chegado a hora de enfrentar o problema e não negar sua existência.
Nós da Comunicação – Alguns estudiosos hoje propõem um novo pilar para o já consagrado ‘triple bottom line’, uma dimensão que leve em conta também aspectos espirituais, mentais e culturais. O que você acha desse quarto botton line?
A.S. – Acredito ser desnecessário, porque essas dimensões podem e devem ser cobertas pelo aspecto ‘social’ do triple bottom line. Poderiam fazer parte dos Recursos Humanos, em particular dentro do conceito de ‘Saúde e Bem-estar’ dos empregados.
Fonte: Por Christina Lima, in www.nosdacomunicacao.com
Para Savitz, que é sócio da Sustainable Business Strategies, consultoria que presta serviços a empresas no desenvolvimento e implantação de programas de sustentabilidade, o futuro passa pelas companhias 'B', que além de lucro, geram benefícios para a sociedade. "Empresas que mentem sobre como são sustentáveis devem ser denunciadas", afirma.
Nós da Comunicação – No Brasil, e acreditamos que isso aconteça em outros países, as empresas estão ávidas para mostrar ao mercado como elas agora são ‘verdes’, movimento que, muitas vezes, não passa de uma maquiagem. Como devemos lidar com as empresas?
Andrew Savitz – Em primeiro lugar, as companhias devem compreender que é sempre melhor se ater aos fatos do que exagerar em suas credenciais verdes. Perseguir a sustentabilidade tem mais a ver com a construção de um relacionamento de confiança com os stakeholders do que sobre o desempenho real. Ao perder a confiança de seus clientes ou empregados, é muito difícil tê-la de volta.
Em segundo lugar, muitos advogados e jornalistas estão fazendo carreira ao expor essas falsas alegações. A Ethical Corporation Magazine, publicada na Inglaterra, por exemplo, tem uma coluna mensal chamada 'Greenwasher', na qual desmascara empresas que não fazem o que dizem.
Em terceiro lugar, os governos estão mais envolvidos, devido à proliferação de queixas. Nos Estados Unidos, a Federal Trade Commission, órgão que regula a publicidade, já começou a multar empresas que fazem falsas alegações sobre suas qualidades ambientais.
Em suma, empresas que mentem sobre como são sustentáveis devem ser denunciadas, e isso realmente já começa a acontecer. Para isso, é necessário dispor de normas contra as quais as alegações podem ser confrontadas. Caso contrário, torna-se uma questão de opinião sobre quem é e quem não é verde.
Nós da Comunicação – Algumas empresas orgulhosamente declaram que departamentos como os de Sustentabilidade e Comunicação – esse último um importante aliado da transparência – são estratégicos. Mas, em momentos de crise, essas áreas são duas das primeiras a sofrer cortes. Ser sustentável só é possível em tempos de abundância e estabilidade?
A.S. – Não para as companhias que descobriram como fazer seus negócios progredirem com sustentabilidade. Essas empresas não farão cortes nessas áreas, pelo menos, não mais do que em outras importantes iniciativas empresariais. Essas organizações que não compreenderam totalmente o momento atual, mas, apesar disso, perseguem essa sustentabilidade – e você ficaria surpresa ao ver quantas empresas se encaixam nesse perfil – provavelmente fariam esses cortes porque, na visão delas, sustentabilidade é uma espécie de hobby ou benevolência.
Nós da Comunicação – Quão distante estamos de companhias realmente sustentáveis que não precisam preencher cheques para caridade ou ‘retribuir à sociedade’, porque em suas atividades regulares são empresas que não agridem a comunidade e sim a enriquece?
A.S. – Estamos chegando mais perto. Nos Estados Unidos, há uma nova forma de corporação que começa a ser criada, as chamadas corporações ‘B’, do Inglês (public) benefit. Essas companhias são criadas com dois propósitos: gerar lucro e atender às necessidades da sociedade. É toda uma nova maneira de funcionar que enriquece a sociedade regularmente, portanto, algo que é parte de sua finalidade e operação.
Além disso, muitas corporações 'A', ou seja, companhias que existem apenas para o lucro, ou elas pensam que sim - estão encontrando maneiras de ampliar a integração entre os seus interesses comerciais e as necessidades da sociedade, o que eu chamo de 'equilíbrio ótimo' de sua sustentabilidade. Microcrédito é apenas o exemplo mais famoso de forma de negócio que gera lucro e contribui para o desenvolvimento da economia. No Brasil, empresas que estão encontrando maneiras de fazer dinheiro e proteger as florestas ao mesmo tempo, por exemplo, cultivando importantes medicamentos naturais, também estão engajadas nesse movimento.
Nós da Comunicação – Você poderia citar um bom caso de empresa sustentável e também um exemplo a não ser seguido?
A.S. – Existem bem poucas empresas sustentáveis hoje em dia, mas a Ambev está certamente indo nessa direção. Companhias que dependem do uso de fontes não renováveis - como as petrolíferas - obviamente não são sustentáveis. Algumas empresas estão procurando agressivamente por maneiras de tornar seus negócios mais sustentáveis, enquanto outras não. A Exxon lutou contra a ideia das alterações climáticas por muito tempo depois de várias empresas perceberem que já havia chegado a hora de enfrentar o problema e não negar sua existência.
Nós da Comunicação – Alguns estudiosos hoje propõem um novo pilar para o já consagrado ‘triple bottom line’, uma dimensão que leve em conta também aspectos espirituais, mentais e culturais. O que você acha desse quarto botton line?
A.S. – Acredito ser desnecessário, porque essas dimensões podem e devem ser cobertas pelo aspecto ‘social’ do triple bottom line. Poderiam fazer parte dos Recursos Humanos, em particular dentro do conceito de ‘Saúde e Bem-estar’ dos empregados.
Fonte: Por Christina Lima, in www.nosdacomunicacao.com
Comentários