Pular para o conteúdo principal

Comunicação voltada para setor de eventos e viagens corporativas

Repensar papéis e responsabilidades foi a ordem do dia no Seminário organizado pelo Comitê de Turismo da Britcham (www.britcham.com.br) em São Paulo/SP. O evento reuniu profissionais dos setores de hotelaria e viagens corporativas pra discutir os desafios e oportunidades na área de eventos e viagens corporativas em cenários instáveis. Foi conduzido pela coordenadora do Comitê de Turismo da Britcham, Carolina Negri, e contou com a presença de aproximadamente 40 executivos. Durante uma manhã, as palestras abordaram desde aspectos do marketing e da estratégia para combater a crise até questões técnicas do segmento de agências de turismo e de viagens corporativas, incluindo uma bela apresentação do trabalho de relações públicas promovido pela UBRAFE para divulgar as feiras brasileiras no exterior.

Em um momento de instabilidade, quando ainda não é possível determinar o alcance e a duração de uma crise financeira como a atual, não se pode ficar de mãos cruzadas esperando que as coisas melhores por si próprias. Em sua palestra, o vice-presidente de desenvolvimento setorial da Associação de Marketing Promocional/Ampro (www.ampro.com.br ), Jorginho Medauar, deu uma injeção de ânimo na platéia, convocando a todos para “pensar fora da caixa”. A crise pode ser uma oportunidade para aqueles que sabem aproveitá-la, explicou Jorginho, valendo-se de um velho ditado: “Enquanto uns choram, eu vendo lenços”. Além de repensar as atividades e responsabilidades de cada um com o intuito de encontrar alternativas para encantar o cliente, Jorginho também recomenda uma auto-análise para que cada um perceba o “impacto do seu serviço, do seu produto, na vida das pessoas. Não basta gostar do que se faz, é preciso acreditar no que se faz.”

Ao abordar esta mesma temática do “thinking outside the box”, a diretora executiva do capítulo brasileiro da Meeting Professionals International/MPI (www.mpibr.org), Beth Wada, deu um exemplo claro do que é preciso fazer, a partir de sua longa experiência na rede hoteleira. “Contrato padrão é coisa do passado. Você não pode mandar para um cliente que vai organizar um evento-relâmpago em seu hotel na próxima semana aquele contrato padrão com cláusula de cancelamento de 30 dias de antecedência.” Beth recomenda que todos, neste momento, desliguem seus comandos automáticos para entender o cliente e para oferecer um efetivo atendimento personalizado, que não fique apenas nas palavras.

Na opinião da diretora executiva do capitulo brasileiro da MPI, a palavra-chave do momento é comunicação. Não se pode mais admitir que um hotel coloque um estagiário ainda não totalmente treinado para atender ao telefone do setor de eventos. “É preciso ter a noção de que o cliente que liga para o hotel e pede a área de eventos já superou uma série de obstáculos e está relativamente bem-informado, necessitando de dados precisos e objetivos para tomar sua decisão.”

Beth apresentou também o esforço da entidade que representa, no sentido de conscientizar a sociedade norte-americana sobre a importância do setor de eventos. Carta aberta enviada ao presidente Barack Obama e um site bem estruturado são peças importantes para mostrar à sociedade que eventos não são o problema. São parte da solução. Há ainda uma ampla pesquisa do segmento que já é realizada há nove anos em parceria com a American Express, e cujos resultados estão disponíveis na internet.

ATUALIZAÇÃO - Para falar sobre o segmento de viagens corporativas, a Britcham convidou o presidente do Fórum das Agências de Viagens Especializadas em Contas Comerciais/Favecc ( www.favecc.com.br), Francisco Leme, e a vice-presidente da Associação Brasileira de Gestores de Viagens Corporativas/ABGEV (www.abgev.org.br ), Patrícia Thomas. Ambos possuem amplo envolvimento corporativo, com atuação em outras instituições do setor. A percepção de ambos sobre o momento atual é semelhante: é preciso investir no aperfeiçoamento dos profissionais, a fim de que as empresas possam oferecer ao cliente melhores produtos e serviços, fazendo com que os agentes de viagens passem a ser consultores, e não apenas emissores de bilhetes.

Francisco Leme iniciou sua palestra com um dado bastante significativo: o crescimento das viagens corporativas provoca um efeito multiplicador na economia brasileira, cujo resultado foi estimado em R$ 33 bi em 2008. Leme ainda apresentou outras estatísticas reunidas pelo Indicador Econômico das Viagens Corporativas/IEVC, um estudo conduzido pelo professor Hildemar Brasil, da USP. A ideia de investir no profissional do setor de viagens para que ele atue como um consultor também é defendida por Patrícia Thomas. Ela enfatiza que “o cliente corporativo é mais exigente, está mais antenado e tem menos tempo do que o cliente que viaja por conta própria. Por esse motivo, é um cliente mais objetivo e que precisa de um consultor que lhe apresente as melhores alternativas, a melhor relação custo-benefício”.

O encontro organizado pela Britcham terminou com a apresentação do presidente executivo da União Brasileira dos Promotores de Feiras/UBRAFE ( www.ubrafe.org.br/port) , Armando Campos Mello, relações-públicas da turma de 1971. Em sua palestra, mostrou o que a entidade tem feito para divulgar as feiras brasileiras e o nosso país no exterior. Um exemplo é o vídeo preparado para divulgar as feiras no Brasil. A versão 2009 está relacionada com os 50 anos da bossa nova. A do próximo ano fará uma homenagem a Heitor Villa-Lobos. Os vídeos têm narrativa em diversos idiomas e são exibidos no exterior, com a ajuda do Governo. Atualmente o calendário de feiras e exposições dos associados da UBRAFE engloba 172 eventos, em 23 cidades de 12 Estados.

Como se percebe, a necessidade de repensar o trabalho dos profissionais de eventos e viagens corporativas permeou todas as apresentações, e levou o público presente ao seminário a uma reflexão que pode ser sintetizada pelas palavras de Jorginho Medauar. “Você faz muito mais do que está escrito no seu cartão de visitas. Sua empresa pode fazer muito mais do que está definido na razão social. É preciso ser criativo e procurar formas de atender às necessidades do cliente. Só assim poderemos ser a bola da vez anti-crise” concluiu.


Fonte: Por Marcelo Toledo, em cobertura special para o portal Mundo das Relações Públicas

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

H2OH! - um produto desacreditado que virou sucesso

O executivo carioca Carlos Ricardo, diretor de marketing da divisão Elma Chips da Pepsico, a gigante americana do setor de alimentos e bebidas, é hoje visto como uma estrela em ascensão no mundo do marketing. Ele é o principal responsável pela criação e pelo lançamento de um produto que movimentou, de forma surpreendente, o mercado de bebidas em 11 países. A princípio, pouca gente fora da Pepsi e da Ambev, empresas responsáveis por sua produção, colocava fé na H2OH!, bebida que fica a meio caminho entre a água com sabor e o refrigerante diet. Mas em apenas um ano a H2OH! conquistou 25% do mercado brasileiro de bebidas sem açúcar, deixando para trás marcas tradicionais, como Coca-Cola Light e Guaraná Antarctica Diet. Além dos números de vendas, a H2OH! praticamente deu origem a uma nova categoria de produto, na qual tem concorrentes como a Aquarius Fresh, da Coca-Cola, e que já é maior do que segmentos consagrados, como os de leites com sabores, bebidas à base de soja, chás gelados e su

Doze passos para deixar de ser o “bode expiatório” na sua empresa

Você já viu alguma vez um colega de trabalho ser culpado, exposto ou demitido por erros que não foi ele que cometeu, e sim seu chefe ou outro colega? Quais foram os efeitos neste indivíduo e nos seus colegas? Como isso foi absorvido por eles? No meu trabalho como coach, tenho encontrado mais e mais casos de “bodes expiatórios corporativos”, que a Scapegoat Society, uma ONG britânica cujo objetivo é aumentar a consciência sobre esta questão no ambiente de trabalho, define como uma rotina social hostil ou calúnia psicológica, através da qual as pessoas passam a culpa ou responsabilidade adiante, para um alvo ou grupo. Os efeitos são extremamente danosos, com conseqüências de longo-prazo para a vítima. Recentemente, dei orientação executiva a um gerente sênior que nunca mais se recuperou por ter sido um dia bode expiatório. John, 39 anos, trabalhou para uma empresa quando tinha algo em torno de 20 anos de idade e tudo ia bem até que ele foi usado como bode expiatório por um novo chefe. De

Conselho Federal de Marketing?

A falta de regulamentação da profissão de marketing está gerando um verdadeiro furdunço na Bahia. O consultor de marketing André Saback diz estar sendo perseguido por membros do Conselho Regional de Administração da Bahia (CRA/BA) por liderar uma associação – com nome de Conselho Federal de Marketing e que ainda não está registrada – cujo objetivo, segundo ele, é regulamentar a profissão. O CRA responde dizendo que Saback está praticando estelionato e que as medidas tomadas visam a defender os profissionais de administração. Enquanto André Saback, formado em marketing pela FIB - Centro Universitário da Bahia -, diz militar pela regulamentação da profissão, o Presidente do CRA/BA, Roberto Ibrahim Uehbe, afirma que o profissional criou uma associação clandestina, está emitindo carteirinhas, cobrando taxas e que foi cobrado pelo Conselho Federal de Administração por medidas que passam até por processar Saback, que diz ter recebido dois telefonemas anônimos na última semana em tom de ameaç