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Para sobreviver em tempos de crise, adaptação é a saída

A incerteza econômica é motivo de preocupação para boa parte do setor empresarial espanhol. Uma situação cujas repercussões têm origem do outro lado do Atlântico. Segundo a Merrill Lynch, a recessão já está nos Estados Unidos e dá sinais de afetar a União Européia (UE). Prova disso são as demissões que se propagam na Europa por empresas imobiliárias, no setor automotivo, e em algumas firmas como a Siemens, que anunciou um corte de pessoal de 16.570 postos de trabalho em todo o mundo para fazer frente à crise. A multinacional emprega mais de 400 mil pessoas.

Nesses momentos críticos outras companhias como a Procter & Gamble e a fabricante de elevadores Schlinder aumentaram os preços de seus produtos, respectivamente em 16% e 6%. O segmento bancário também foi afetado. O Crédit Suisse, segunda principal entidade financeira da Suíça, reduziu em 30% os custos em sua equipe executiva para a Europa, a fim de melhorar a eficiência da região no segundo semestre.
De uma maneira ou de outra, a crise não deixa impassíveis as empresas, que tratam de se adaptar à situação. Para Ignacio Ruiz, gerente de desenvolvimento corporativo do Club Excelencia en Gestión, grupo que reúne mais de 300 empresas, as organizações que assumem estratégias a esta altura de gestão de crise já chegaram tarde.

Segundo ele, existem três comportamentos que as companhias podem adotar. O do mergulhador, "dos que baixam às profundezas e se concentram apenas no que fazem, adaptando-se à situação por meio da redução de seu tamanho para ajustá-lo à demanda. Sua filosofia é resistir". Alguns exemplos dessa atitude vêm do setor automotivo. A Fiat planeja encerrar temporariamente suas atividades, entre agosto e novembro, em quatro de suas cinco fábricas na Itália para enfrentar o efeito do declínio na demanda por seus modelos. A General Motors analisa a aplicação de um novo modelo de demissões que poderá afetar milhares de pessoas. Isso se soma às demissões de mais de 35 mil pessoas que já estão sendo feitas .

Por outro lado, Ruiz assinala as empresas que adotam a postura do flutuador, "e se deixam levar pela corrente, congelam os investimentos, não correm riscos e se focalizam em estratégias de curto prazo." Por fim, identifica o grupo onde se encontram "os que fazem surfe nas ondas, buscando novas oportunidades, e escolhem se arriscar, continuar investindo, fechar alianças, e não rejeitar negócios, o que lhes permite distribuir os riscos". Nesse caso a comunicação e a transparência devem fluir na organização", diz Ruiz.

Um desses casos é o da Vallehermoso, imobiliária do grupo Sacyr Vallehermoso, que lançou um plano comercial para oferecer ajuda e facilitar o pagamento de quotas hipotecárias. Daí, adaptou sua linha de negócios às circunstâncias econômicas: a dificuldade que as famílias têm para pagar suas hipotecas.

De qualquer modo, Ruiz considera que a situação é preocupante, e não apenas para as grandes corporações, "dirigidas por executivos com visão, porque a Espanha é um país de médias e pequenas empresas, que representam 98% do PIB, e ainda estalamos muito longe de uma liderança eficaz. Muitas das grandes empresas dependem dessas médias e pequenas, que lhes prestam serviços. E algumas delas não poderão prosseguir no ritmo estabelecido para as grandes corporações".

Ignacio Revuelta, diretor da área de salários para executivos da Towers Perrin, assinala que , de modo diferente das crises anteriores, na atual não é momento para se voltar às trincheiras. "Agora é preciso continuar crescendo nos lugares e com os produtos possíveis." Segundo ele, no momento é necessário se falar de otimização e redistribuição, e não apenas de negócios, mas também de pessoas. "É preciso mover os profissionais das áreas de suporte para as mais críticas, como a comercial ou de controle de risco."

Quanto à formação, Revuelta diz: "É necessário potencializar os programas que tenham um impacto nos negócios e deixar de lado os secundários". Uma boa opção é a que foi desenvolvida pelo Banesto com a ajuda da consultoria Walker y Newman. Alguns funcionários nunca viveram épocas de vacas magras, portanto não sabem como agir em sua empresa para enfrentar a tempestade da melhor maneira possível. A entidade pôs em andamento um programa que forma mentores em uma parte de seu quadro de funcionários, de modo que esses ensinem o resto a atuar em uma crise.


Fonte: Por Expansión, in Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 11

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