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Estratégias dos esportistas inspiram mundo corporativo

Primeira pergunta: Se você estivesse no lugar de Rafael Nadal, como teria enfrentado o quinto e definitivo set da final de Wimblendon diante de Roger Federer? Segunda pergunta: Teria pulado para que lado do gol para deter os pênaltis de De Rossi e Di Natale na partida das quartas contra a Itália na Eurocopa? Terceira pergunta: Como obteria maior rendimento do R-28 se substituísse Fernando Alonso?

Não é uma prova de conhecimento esportivo, mas poderia fazer parte dos cursos internos de motivação das principais companhias. O êxito da seleção espanhola na Eurocopa ou de Rafael Nadal em Wimblendon abriram de par em par as portas do mundo empresarial ao esporte, que se converteu no novo método para motivar os empregados. "Os esportistas de elite são uma fonte de inspiração para muitas empresas, que tomam como modelo sua estratégia vencedora e sua forma de canalizar emoções", defende Leonaor Gallardo, autora, juntamente com Juan Carlos Cubeiro, do livro Liderazgo. Empresa y Deporte.

A relação entre empresa e esporte deveria estar baseada na reciprocidade. "A principal debilidade do mundo esportivo é que falta gestão e liderança em todas as suas organizações. Precisa de autênticos gestores de talento", aponta Gallardo. O "termostato da Europa", como o define esta professora da Universidad de Castilla-La Mancha, favoreceu uma colaboração mais estreita. "O futebol estabeleceu um marco surpreendente e a chave foi que tanto a equipe, como o técnico, mantiveram a humildade durante todo o campeonato", acrescenta.

A humildade, a importância da equipe, a estratégia ou o estado emocional são uma bíblia do êxito para o atleta, de cujos ensinamentos poderiam se imbuir os executivos. Se tiver potencial, aproveite-o. Rafael Nadal proclama que "a sorte não existe" e, em sua luta pelo reinado mundial de tênis, sabe que o trabalho é indispensável para seguir ganhando pontos. Tem a seu favor uma incrível condição física e otimizou sua eficácia ao máximo com um sapato e uma raquete.

Mas, o que há de diferente entre ele e os outros esportistas? A atitude. Apesar de sua meteórica carreira cheia de êxitos, o jovem nascido em 1986 não perdeu a humildade. Tem um objetivo, tentar alcançar a primeira posição, mas é consciente de que ainda tem arestas a aparar em relação ao seu jogo. Seu empenho e seu entusiasmo deram a ele um lugar no Olimpo, tal como demonstrou contra Roger Federer em Roland Garros e Wimblendon.

Nadal compartilha essa capacidade de sacrifício com muitos esportistas e empresários que, do nada, fizeram uma carreira. É o caso do chef Ferran Adriá, que começou na hotelaria como lavador de pratos. 12+1 é a cifra que identifica o piloto de motos Zamorano Ángel Nieto. É o número de títulos mundiais nas categorias de 50 cilindradas e 120 cilindradas que este ilustre esportista conseguiu, mestre de uma nova geração liderada por Dani Pedrosa, Jorge Lorenzo ou Álvaro Bautista. Quando viu a sua primeira corrida de motos, Nieto se apaixonou tanto por este esporte que não falava em outra coisa e acabou transformando essa afeição em nova profissão.

Para ele, seu sonho foi a chave porque tinha uma meta concreta e acaba por não se conformar com menos. Do lado empresarial, esse desafio deve se concretizar na forma de um direcionamento aos objetivos, tal como o economista Peter Ducker formulou há meio século. Um exemplo desta estratégia é a Microsoft Ibérica, uma das empresas preferidas para se trabalhar, que aposta nesta ferramenta para conciliar a vida pessoal e profissional.

Na Espanha, somente um de cada seis chefes é um líder capaz de gerar um clima de satisfação, rendimento e desenvolvimento, que ensine a controlar o medo, a ira, a vergonha ou a felicidade, entre outras emoções. E também a comprometer-se com a empresa. Em Mercadona, com mais de 1.100 lojas e 60 mil trabalhadores, destaca-se o nível de produtividade de seus empregados. Qual é o segredo? Contrato indefinido, salário mínimo de €950 e programação anual.

Todo o êxito esportivo, seja individual ou coletivo, se fundamenta no trabalho de equipe. No caso de um atleta, seu rendimento será menor se não contar com massagista que desestresse seus músculos ou um treinador que lhe mostre as estratégia de seus rivais. Nos esporte coletivo, acontece a mesma coisa, tal como demonstrou Luis Aragonés e seus meninos na Eurocopa. A lesão de Villa, um dos baluartes, na semifinal, semeou as dúvidas, mas a equipe soube se sobrepor e brilhou contra a Alemanha.


Fonte: Por Expansión, in Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 9

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