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Nascido da convergência

Numa reunião de marketing, discutíamos o papel do sucessor desta grande empresa familiar. Um dos diretores argumentou que o próximo herdeiro deveria entender da área tecnológica, pois já nasceu dentro do google. Esta constatação abriu as linhas desse texto, no qual divago sobre o perfil do profissional de tecnologia.

Tal como o diretor de marketing, ele vai pesquisar os últimos canais, criar, negociar, comprar tecnologia. Conseguirá gerir as novidades como o diretor de RH trabalha na entrada de um novo funcionário: com feeling para direcioná-lo à sua função adequada. Será atuante feito o diretor industrial, entendendo os objetivos, funcionamentos e benefícios dos maquinários mais vanguardas. Este perfil deverá ainda ter o chamado "tino comercial", para saber distinguir, num raio de infinitos produtos, como distribuí-lo no time certo - talvez o maior desafio num mercado sem tempo ou com o tempo tão rápido e escasso. É claro que este profissional também deverá entender do dinheiro, como um competente diretor financeiro. Ele não poderá ter dúvidas sobre quando comprar uma ou outra tecnologia, pois não terá dúvidas sobre a hora de investir na comunicação 3G, conseguirá medir o intervalo de tempo entre um lançamento e o próximo, entre o antigo e o atual.

Existem duas qualidades principais que desenham o profissional da tecnologia: primeiro, a convergência. Ele deverá compreender todas as ferramentas e suas mudanças, transitando com sabedoria e perspicácia por elas. E, para descrever sua segunda qualidade, é preciso entender que o diferencial deste tipo não será apenas o conhecimento da tecnologia. É só farejar o presente para seguirmos até o futuro. Hoje, o conhecimento tecnológico já está virando commodity. Portanto, a segunda qualidade - e a mais valiosa - será a capacidade e sensibilidade de medir o tempo. Como o parágrafo anterior, que já adiantou este ponto-de-vista, mas também já virou pretérito, o tempo será a moeda principal.

E então voltamos à imortal figura da ampulheta, que nos mostra ser impossível parar o tempo. E o sucessor, não apenas o da empresa citada - mas todos os sucessores de nós, hoje habitantes do Planeta - deixará de correr atrás do tempo, sempre atrasado. Ele deverá acompanhá-lo. Melhor, lançá-lo. Quem se habilita ao novo cargo?


Fonte: Por Annie Piagetti Müller, in portalimprensa.uol.com.br

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