Quando o Société Générale informou em janeiro que um operador de um escalão relativamente inferior havia posto a perder bilhões de euros do banco francês em transações não-autorizadas com derivativos, houve, como era previsível, comparações com Nick Leeson, o trader que provocou o colapso do Barings. A cobertura da imprensa lembrou de casos de companhias como Enron e Tyco, e o de Martha Stewart - a guru da vida em grande estilo, que passou cinco meses na cadeia por mentir aos promotores a respeito de sua venda de ações na ImClone.
As investigações ainda não se encerraram no Société Générale. Mas uma conclusão é certa: a certa altura, ao longo da história, um ou mais funcionários não fizeram a coisa certa.
O catedrático de Ética dos Negócios e Responsabilidade Corporativa na Insead Craig Smith está fascinado com a tarefa de descobrir por que diretores agem desse modo, e por encontrar formas práticas para impedir e prevenir um comportamento antiético. "Basta ler os jornais", afirma. "Está em toda parte - suborno, opções retroativas de compras (em benefício da alta diretoria, com ganhos fáceis e sem risco), fraudes contábeis. Está tudo ali, e as autoridades reguladoras respondem e as companhias prestam atenção porque as autoridades reguladoras estão respondendo".
A reputação pode ficar prejudicada - mesmo que um executivo fique do lado certo da lei. "Pode ser um comportamento que não é necessariamente proscrito pela lei, mas é antiético. Também pode acarretar conseqüências negativas para a reputação das companhias, às quais com certeza elas têm razões econômicas para prestar atenção". Afinal, uma ação antiética pode eliminar milhões de dólares do valor de uma marca.
A pesquisa de Smith, divulgada recentemente com o título "Por que os executivos não fazem a coisa certa: estudo empírico de condutas antiéticas e ilegais", foi preparada por ele em parceria com Sally S. Simpson, da Universidade de Maryland, e Chuna-Yao Huang, da Universidade Nacional de Taiwan. E o estudo poderá decepcionar as pessoas segundo as quais as penas deveriam ser mais rigorosas para estes chamados "crimes do colarinho branco".
As fraudes das empresas, como saquear um fundo de pensão, talvez não machuquem ninguém fisicamente. Mas podem arruinar milhares de vidas, com a perda de empregos e a eliminação de investimentos. Penas de prisão de 25 anos ou em torno disso estão se tornando mais comuns para os criminosos de alto escalão.
Mas Smith afirma que talvez a conclusão mais surpreendente da pesquisa da equipe seja que a ameaça de longas penas de prisão aparentemente não afeta o modo de pensar dos executivos quando eles analisam as conseqüências de seu mau comportamento. "Não estamos afirmando que as sanções formais não são importantes, mas, em termos da severidade das sanções, a evidência do nosso estudo pelo menos sugere que pode haver um efeito limite", diz Smith. "Os estrategistas podem se preocupar mais com a probabilidade de ser apanhados do que com a severidade da sanção se forem apanhados".
A vergonha também pode se um poderoso inibidor: O que a família e os colegas de um executivo pensariam se soubessem que ele ou ela fizeram algo errado? "A questão crucial neste caso para as autoridades reguladoras não é apenas concentrar-se na lei, mas no que está subjacente à lei - o que a sociedade acredita a respeito de uma conduta boa, correta, moral".
Uma medida prática é as companhias realizarem discussões sobre o aspecto ético da cultura da organização. A pesquisa sugere que é menos provável que as pessoas ajam de forma antiética se têm idéias mais claras a respeito do que seja realmente o certo e o errado.
Fonte: The New York Times, in Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 7
As investigações ainda não se encerraram no Société Générale. Mas uma conclusão é certa: a certa altura, ao longo da história, um ou mais funcionários não fizeram a coisa certa.
O catedrático de Ética dos Negócios e Responsabilidade Corporativa na Insead Craig Smith está fascinado com a tarefa de descobrir por que diretores agem desse modo, e por encontrar formas práticas para impedir e prevenir um comportamento antiético. "Basta ler os jornais", afirma. "Está em toda parte - suborno, opções retroativas de compras (em benefício da alta diretoria, com ganhos fáceis e sem risco), fraudes contábeis. Está tudo ali, e as autoridades reguladoras respondem e as companhias prestam atenção porque as autoridades reguladoras estão respondendo".
A reputação pode ficar prejudicada - mesmo que um executivo fique do lado certo da lei. "Pode ser um comportamento que não é necessariamente proscrito pela lei, mas é antiético. Também pode acarretar conseqüências negativas para a reputação das companhias, às quais com certeza elas têm razões econômicas para prestar atenção". Afinal, uma ação antiética pode eliminar milhões de dólares do valor de uma marca.
A pesquisa de Smith, divulgada recentemente com o título "Por que os executivos não fazem a coisa certa: estudo empírico de condutas antiéticas e ilegais", foi preparada por ele em parceria com Sally S. Simpson, da Universidade de Maryland, e Chuna-Yao Huang, da Universidade Nacional de Taiwan. E o estudo poderá decepcionar as pessoas segundo as quais as penas deveriam ser mais rigorosas para estes chamados "crimes do colarinho branco".
As fraudes das empresas, como saquear um fundo de pensão, talvez não machuquem ninguém fisicamente. Mas podem arruinar milhares de vidas, com a perda de empregos e a eliminação de investimentos. Penas de prisão de 25 anos ou em torno disso estão se tornando mais comuns para os criminosos de alto escalão.
Mas Smith afirma que talvez a conclusão mais surpreendente da pesquisa da equipe seja que a ameaça de longas penas de prisão aparentemente não afeta o modo de pensar dos executivos quando eles analisam as conseqüências de seu mau comportamento. "Não estamos afirmando que as sanções formais não são importantes, mas, em termos da severidade das sanções, a evidência do nosso estudo pelo menos sugere que pode haver um efeito limite", diz Smith. "Os estrategistas podem se preocupar mais com a probabilidade de ser apanhados do que com a severidade da sanção se forem apanhados".
A vergonha também pode se um poderoso inibidor: O que a família e os colegas de um executivo pensariam se soubessem que ele ou ela fizeram algo errado? "A questão crucial neste caso para as autoridades reguladoras não é apenas concentrar-se na lei, mas no que está subjacente à lei - o que a sociedade acredita a respeito de uma conduta boa, correta, moral".
Uma medida prática é as companhias realizarem discussões sobre o aspecto ético da cultura da organização. A pesquisa sugere que é menos provável que as pessoas ajam de forma antiética se têm idéias mais claras a respeito do que seja realmente o certo e o errado.
Fonte: The New York Times, in Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 7
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