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Culturas de países emergentes são o embrião de promissoras formas de gestão

A nova geração de líderes globais não sairá apenas das salas de aula de renomadas escolas de negócios ou dos escritórios de grandes empresas do mundo desenvolvido. Quem afirma é Linda Hill, professora de administração de empresas da escola de negócios de Harvard e autora de uma pesquisa sobre novas formas de liderança e gestão nas nações emergentes. Em viagem à África do Sul, Linda pôde ver in loco que os princípios do movimento antiapartheid, por exemplo, inspiraram mudanças importantes em diversas companhias. "É a experiência social de um povo levada com êxito ao mundo corporativo", disse ela a Época NEGÓCIOS. Ela toma o exemplo do Ubuntu, filosofia humanista que pode ser resumida na frase "eu sou porque nós somos". Parte integrante da cultura popular sul-africana, o Ubuntu está sendo traduzido para o mundo corporativo na forma de gestão participativa. Nela, todos os funcionários e até mesmo fornecedores e demais parceiros comerciais discutem as decisões estratégicas de determinada empresa.

"As multinacionais não podem simplesmente expatriar executivos de suas sedes", afirma Linda. "O talento não é tão portátil quanto pensávamos." Em artigo para a Harvard Business Review, ela cita o exemplo da HCL Technologies, uma empresa indiana de TI que usa um slogan provocativo: "Primeiro o funcionário, depois o cliente". A filosofia do programa é dar plena autonomia aos funcionários talentosos, com o objetivo de gerar valor para o cliente. O presidente da HCL, Vineet Rayar, costuma dizer que a estratégia de criar líderes só terá dado frutos quando "o presidente for destruído". Esta formulação de fundo budista aponta para o momento em que os líderes internos estejam tão afiados que a figura de Rayar se torne desnecessária. É a iluminação corporativa.


LÍDERES INVISÍVEIS
Em vários países, a ausência histórica do "espírito empreendedor" produziu um fenômeno que Linda Hill batizou de liderança invisível: os talentos existem, mas as empresas não desenvolveram ferramentas para identificá-los. Linda dividiu a invisibilidade dos líderes em duas categorias:

1>>>DEMOGRAFICAMENTE INVISÍVEIS
Gente que devido ao sexo, à etnia ou à idade não tem acesso aos programas de aperfeiçoamento profissional. São pessoas de talento, mas que não são estimuladas a exercer liderança.

2>>>ESTILISTICAMENTE INVISÍVEIS
Pessoas com grande potencial, mas que não se encaixam no perfil convencional do líder carismático ou infalível. A análise estereotipada de um líder pode ceifar talentos em uma empresa.

"Cultura é o que permanece depois que tudo aquilo que aprendemos tiver sido esquecido" G. Bromley Oxnam (1891-1963), bispo da Igreja Metodista americana



Fonte: Por Dárcio Oliveira, in epocanegocios.globo.com

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