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Profissionais fazem pedidos a Reis Magos para 2008

Os profissionais também escrevem cartas aos Reis Magos. Entre os seus desejos para 2008 estão flexibilidade trabalhista, um aumento salarial, tolerância maior as companheiros e um bom relacionamento com o chefe. A carta hipoteticamente enviada há alguns dias teria mais ou menos o seguinte teor:

Queridos Reis Magos, o ano passado foi bastante duro do ponto de vista trabalhista: muito trabalho e poucos aumentos de salário. Não é fácil esta vida de profissional, considerando o que a gente passa para agüentar o chefe, superar conflitos entre os colegas, superar a frustração de uma ascensão anunciada, um processo de integração e sair ileso de uma mudança de sede. Os chefes se queixam da escassez de talento, da falta de compromisso, da rotatividade de pessoal e da Geração Y, que por fim se armou de determinação e exige algo mais do que um bom salário para que a empresa ganhe sua fidelidade.

De nossa parte, nós, funcionários, pudemos desfrutar de certos avanços como a Lei de Igualdade, que contribuiu para favorecer a igualdade de oportunidades profissionais independentemente do gênero, e também da conciliação da vida profissional no trabalho, com novas medidas para o cuidado da família. Ao longo dos últimos 12 meses, elaborei um pequeno diário de bordo, com alguns desejos para este 2008, ano bissexto, aliás, que por enquanto nos brinda com um dia a mais de trabalho.

Aumento salarial
O primeiro dos meus desejos tem a ver com o bolso. Conseguir um aumento salarial acima dos estimados pelos especialistas se converterá em algo mais que um desafio, embora, na maioria dos casos, consegui-lo dependa da gente mesmo. Quase todas as empresas contam com ferramentas que medem a contribuição do empregado para os negócios.

Por exemplo, na Vodafone, todos os funcionários têm objetivos, cujo cumprimento é avaliado a cada seis meses. Outra empresa que dá o exemplo com o aporte de seus funcionários é a Microsoft: uma vez por mês, chefias e colaboradores se reúnem para analisar a evolução. Além disso, duas vezes ao ano pergunta-se ao empregado como transcorreu esta conversação. E isto tem um efeito direto na retribuição variável do chefe.

Troca generacional
Outro propósito que eu indicaria a meu chefe é que garanta seu substituto. De que modo? Identificando os melhores. Para garantir que sejam eles os que cuidarão da empresa no futuro, a Accenture conta com um banco de sucessores, no qual estão as pessoas de uma especialidade técnica e que têm menos tempo de firma do que aquele a quem sucederão. E o Santander tem um grupo de 600 pessoas que rodam o mundo e sobre as quais se estabeleceu um sistema de tutela e acompanhamento. Elas têm uma idade média de 26 anos e já estão na mira da organização.

Motivação extra
Embora goste do meu trabalho, não seria demais um pouco mais de motivação. A formação mediante diferentes técnicas é uma das fórmulas que têm dado melhor resultado em algumas organizações. Em 2007, um dos casos que mais chamaram a atenção foi o curso desenvolvido pela Cintra - a filial de gestão de rodovias do grupo de transportes Ferrovial - para seus 218 funcionários de pedágios e para o pessoal de manutenção que trabalham em suas quatro rodovias na Espanha. Antes que o programa fosse adotado, todos os participantes receberam um questionário ao qual deveriam responder. Este foi o ponto de partida de uma série de atividades que contribuíram para melhorar sua auto-estima.

Mais recentemente, a Kutxa aproveitou seus encontros de diretores para desenvolver uma oficina de risoterapia. Esta serviu para que profissionais que trabalham em diferentes partes da Espanha se conhecessem e compartilhassem de uma experiência que vai além de seu relacionamento de trabalho. Como dizia o escritor italiano Curzio Malaparte: "Cada vez que uma pessoa ri de verdade, acrescenta dois dias de vida à sua existência".

Atitudes negativas
Provocadores de conflitos, preguiçosos, incompetentes, que desperdiçam o tempo ... Estes funcionários, segundo um estudo elaborado pela empresa de consultoria Otto Walter que os chama de "tóxicos" - são os que mais eu gostaria de erradicar de todas as organizações. Meu desejo é poder contar com um chefe capaz de enfrentar estes personagens que não só contaminam a organização com seu comportamento, como minam o desenvolvimento dos outros profissionais.

"Freqüentemente, quando se elimina um destes funcionários, as virtudes do restante da equipe florescem", afirma Paco Muro, presidente da Otto Walter. "Quando se mantém um indivíduo com estas características, com o tempo, sua demissão sai mais cara e os chefes acabam fazendo papel ridículo, pagando um custo em termos de liderança e credibilidade que poderiam ter evitado".

Conciliação
Acredito que o segredo para se trabalhar mais é fazê-lo em um ambiente que permita desenvolver a atividade nas melhores condições, sem que isto signifique o sacrifício do lazer. Neste sentido, peço aos Reis Magos mais e melhores medidas que façam com que a conciliação da vida profissional e do trabalho seja um sucesso.

Uma das empresas que no ano passado conseguiram a certificação de Empresa Familiarmente Responsável por seu plano de conciliação foi a Mutua Madrileña, de que se beneficiam 1,8 mil profissionais que compõem sua mão-de-obra. Entre as medidas compreendidas pelo programa estão a ampliação da licença-maternidade de 18 semanas e as bolsas de estudo a funcionários para a sua formação universitária ou pós-graduação.

Para conseguir flexibilidade e um bom ambiente de trabalho basta um pouco de imaginação e iniciativa, e isto não tem a ver com o tamanho da empresa. Basta perguntar à consultoria de recursos humanos Psicosoft, que acaba de ganhar o Prêmio Madri Empresa Flexível. Além da flexibilidade dos horários de entrada e de saída, os 63 funcionários não trabalham às sextas-feiras à tarde durante o verão e têm a opção do teletrabalho, entre outros benefícios.

Jornada de trabalho
Além da conciliação do trabalho com a vida profissional, gostaria de gerir meu tempo de modo a poder cumprir a famosa regra dos três oitos: oito horas para trabalhar, outras tantas para descansar e o restante para o lazer. A Espanha é o terceiro país da Europa com uma jornada de trabalho maior, segundo um estudo do Euroíndice Laboral Iese-Adecco.

Mas não é o país mais produtivo: de cada 38,3 horas por semana trabalhadas por uma pessoa empregada obtém-se um valor acrescido de € 24,2, pouco acima dos coeficientes de Portugal e Polônia. Entre as recomendações para tirar partido do tempo, a Comissão Nacional para Racionalizar Horários Espanhóis propõe a jornada contínua ou intensiva, um conselho que a Iberdrola já aplicou de forma generalizada.

Em novembro passado, depois da assinatura do IV Acordo Salarial Coletivo, a multinacional se tornou a primeira companhia do Ibex 35 a implantar um horário intensivo para seus funcionários, das 7h30min às 15h30min, com um intervalo de entrada e saída de 24 minutos. Não obstante, outras organizações como a Telefónica optam pela flexibilidade horária: 25% das 10 mil pessoas que atualmente trabalham no Distrito C, a nova sede localizada no bairro madrilenho de Las Tablas, desenvolvem 40% de sua jornada laboral longe de sua mesa de trabalho.


Fonte: Expansión, in Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 7

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