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Bons exemplos para se definir preço

John Hogan abordou técnicas de precificação estratégica na segunda parte de sua palestra no Special Management, evento realizado pela HSM, em São Paulo, na semana passada.

O especialista em gestão de preços procurou interagir com os executivos que compareceram ao evento: usou cases, mostrando parte dos aspectos a serem considerados ao se criar um modelo para se calcular precificação.

Hogan citou a experiência de comunicação de uma empresa norte-americana que comercializa sabão líquido para roupas delicadas. O produto, disponível em pequenos frascos, custa cerca de 10 vezes mais que o sabão em pó comum. A indústria conquistou o consumidor ao provar que sairia mais barato cuidar das roupas em casa do que manda-las para uma lavanderia.

No case seguinte, estimulou a participação dos executivos, incentivado-os a caracterizar os benefícios oferecidos por um novo produto tecnológico e as formas de validar sua eficiência junto aos clientes.

Ao citar outro exemplo, Hogan mostrou como identificar problemas na estratégia adotada ao longo do tempo. Analisou a queda de vendas e de lucratividade de uma empresa e verificou que, embora não tivesse ocorrido mudanças nas forças e nas condições do mercado, a política de descontos prejudicava a performance dos negócios.

Isso ocorria porque alguns vendedores forneciam preços diferenciados, por um mesmo produto e serviço, a diferentes clientes, ainda que este elemento não estivesse relacionado com volume de compras, por exemplo. Além disso, ao haver vazamento da informação, os clientes que não recebiam o maior desconto acabavam por migrar para outros fornecedores.

Assim, foram estipuladas políticas de descontos, voltadas a encorajar ou desestimular determinadas atitudes dos clientes. Com isso, foram premiados os que possuíam maior volume de compras e a fidelidade, entre outros elementos.

Calcule o preço e o valor - O case da Excellent Tecnology Corporation (ETC) foi usado para exemplificar os elementos presentes na precificação estratégica, contando com a intensa participação dos executivos na palestra. Ele destacou as três etapas da avaliação do valor de um produto.

O primeiro passo é o do detalhamento do seu valor econômico e pressupõe o levantamento das características – positivas e negativas – que diferem esse produto dos concorrentes. Mas, conforme sublinhou John Hogan, é igualmente importante caracterizar os benefícios oferecidos por um novo produto tecnológico e também as formas de validar sua eficiência junto aos clientes.

A ETC lançou um equipamento mais eficiente, que, em comparação com concorrentes, minimiza em até 45% a ocorrência de sobrecarga de pressão e os prejuízos dela decorrentes em gasodutos e oleodutos. Os executivos foram incentivados a apontar os benefícios conferidos aos principais clientes – companhias de distribuição e operadores dos dutos –, com repercussões econômicas ou não.

Embora com percentual de eficiência maior, isso não significa que, necessariamente, haverá equivalência entre essa melhor performance e o preço final dos produtos, pois todos os custos envolvidos nas falhas dos dutos têm de ser devidamente quantificados. Levantados esses elementos, vem a estratégia de precificação, que pode abrir espaço para a oferta do produto em forma de leasing ou aluguel para as clientes mais sensíveis ao fator preço e praticar preços que incentivem, de um nodo geral, a mudança para esse novo padrão tecnológico.

Nesta caso, Hogan deu ênfase à comunicação adequada do valor do produto aos clientes, o que pode se dar, por exemplo, por meio da cessão do equipamento para teste na empresa por período predeterminado, durante o qual ela poderá comprovar os ganhos obtidos com seu uso. Classificada como validação pelo cliente, essa prática é um multiplicador, que fará com que o produto seja conhecido dentro do setor.

O que o cliente deseja? - É preciso desenvolver técnicas como uma boa entrevista com o cliente, para saber o que ele deseja do fornecedor. Contribuir para a manutenção de um ambiente descontraído durante o encontro é essencial para quem pretende definir uma política de preços eficiente.

Segundo Hogan, de nada adianta oferecer valor para alguém que somente se interessa por preço, sendo o inverso válido ao se oferecer baixo custo para quem procura um produto de qualidade, oferecido juntamente com um pacote de serviços.

Por isso, um dos diferenciais importantes para as empresas é a capacidade de escalonar suas ofertas, de forma a atender ao perfil de cada grupo. “Para os clientes que realmente reconhecem o valor de um produto ou serviço, a empresa deve se concentrar justamente nessa característica; por outro lado, para os desinteressados nesse aspecto, não deve conceder recursos adicionais, para não onerar os custos desnecessariamente”, resumiu.


Fonte: Portal HSM On-line

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