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Profissionais financeiros, a bola da vez

A demanda por executivos financeiros cresceu 31% no primeiro semestre de 2007, em comparação com os primeiros seis meses do ano passado. Na relação com os últimos seis meses de 2006, o aumento foi ainda mais significativo: 48%. Os dados constam em um estudo realizado mensalmente pela DBM Consultoria e divulgados com exclusividade por este jornal.

Além do surgimento de novas vagas - principalmente nos casos de abertura de capital ou ampliação dos departamentos financeiros -, o aumento da procura pelos homens de finanças também se deve a uma mudança de perfil em algumas companhias. "Muitas dessas vagas foram geradas pela substituição dos executivos que já estavam atuando nas empresas, mas que não têm mais o perfil que se exige para os cargos", comenta o diretor da DBM, Cláudio Garcia.

Um exemplo dessa mudança de perfil é o que vem acontecendo em muitas empresas familiares. "Antigamente, quem dominava o fluxo de caixa e os números da empresa bastava. Mas ser craque em finanças não basta mais. Hoje, o homem de finanças é um profissional mais estratégico, que precisa conhecer melhor a empresa e entender como o negócio está gerando valor para a companhia", explica o consultor.

O escritório da Right Management, consultoria organizacional e de transição de carreira, no Rio de Janeiro, detectou um crescimento significativo na busca por profissionais da área financeira. Somente em 2007, a empresa administrou 332 vagas para este profissionais. Conforme o mês, o número significou entre 12% e 14% do total de vagas trabalhadas pela consultoria. "Com a tendência de abertura de capital, as empresas têm procurado maior profissionalização. Por isso, aqueles que têm experiência nesta área estão sendo disputados a peso de ouro aqui no Rio de Janeiro", afirma a gerente de transição de carreira, Beth Maia.

Segundo a consultora, o mercado atual registra uma nova demanda, por profissionais ligados a outras áreas do conhecimento - Administração e Engenharia, por exemplo -, mas que tenham alguma experiência contábil. "Um engenheiro de produção, com base financeira, é um exemplo. Ele é uma ‘mosca branca’ no mercado, porque tem duas expertises que são raras quando combinadas", revela Beth.

De acordo com as palavras da consultora, Júlio César Peixoto é uma "mosca branca". Formado em Administração de Empresas, ele decidiu fazer o curso de Ciências Contábeis para preencher uma exigência do mercado. "Aconteceu comigo o que acontece com todos os profissionais da área financeira: hoje, o executivo de finanças que não tiver conhecimento de controladoria encontrará dificuldades no mercado."

Por conta da versatilidade e da abrangência de conhecimentos, currículos como os de Peixoto estão em alta no mercado. Durante três anos, o executivo atuou como diretor financeiro da Cameron, empresa fornecedora de equipamentos, sistemas e serviços para indústrias de óleo, gás e processos. Mas a partir da próxima semana, em uma nova empresa, Peixoto assumirá um cargo ligado à área de controladoria. "Os executivos geralmente têm conhecimentos específicos, só de contadoria ou de tesouraria, por exemplo. Mas hoje é preciso um perfil mais genérico. O conhecimento do negócio está nas duas coisas: saber quanto custa o serviço ou o produto fornecido pela empresa e, junto a isso, saber lidar com os números."

Entretanto, na opinião do professor Eduardo Martínez Abascal, do Departamento de Administração e Finanças do Iese, da Espanha, o perfil do novo executivo financeiro vai muito além disso. Para ele, esse novo profissional deve ter conhecimento dos produtos financeiros (além de uma boa relação com os bancos e instituições financeiras), boa capacidade de comunicação e saber explicar ao conselho da companhia, diretores e investidores a importância dos indicadores financeiros.

Segundo o professor, outro diferencial do novo executivo de finanças (em oposição ao antigo perfil) é o bom conhecimento do negócio. "No passado, era comum o diretor financeiro fazer tudo: contabilidade, controle, auditoria, vendas e produção. É importante que ele tenha um foco na essência do negócio. O balanço deve mostrar a realidede da companhia. Por isso, o executivo deve saber explicar porque as vendas caíram ou subiram, avaliar a capacidade de crescimento da companhia, etc. Os demonstrativos de resultados devem mostrar a situação do negócio real. Assim, é necessário que o executivo não seja somente técnico", finaliza.


Fonte: Por Marcelo Monteiro, in Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 9

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